A maior
intérprete da música
brasileira

A gravadora Trama reeditou o clássico "Falso Brilhante" de
Elis Regina, que é possível ouvir até as lindas canções e o compasso
das músicas, dentro do estúdio. No cd mostram
como a música brasileira ainda não
superou a morte de uma de suas principais divas. São mais de 25 anos desde que a intérprete gaúcha não resistiu
a uma overdose de cocaína e álcool.
Para ter uma ideia do quanto era adorada nacionalmente,
quando a revista Veja publicou a notícia
de sua morte, junto com o laudo médico, prontificou-se
a listar vários nomes importantes que usavam cocaína
de maneira "benéfica". Até um papa da igreja católica entrou na relação.
E era a Veja, a revista quase oficial
da política de direita, diminuindo a gravidade de um
documento assinado pelo médico Harry Shibata, o mesmo que fez o laudo do jornalista
Wladmir Herzog, disfarçando seu
assassinato por morte natural.
Ironicamente, os excessos de
Elis, não apenas nas drogas, mas também na música - ela quis, certa vez,
proibir as guitarras na música brasileira - acabaram
influenciando pós-carreira. Os jornais dedicaram mais páginas à
tragédia de sua morte que, por exemplo, ao de
qualquer presidente ou entidade religiosa no Brasil e no
mundo. Mesmo com a carreira interrompida, ela
continua sendo um dos nomes
da MPB com mais lançamentos de discos
nas lojas. Apenas para este mês, estão
programados mais cinco discos e três DVDs.
Não é apenas nos relançamentos (e nos excessos)
que a presença de Elis Regina permanece na música Brasileira. Os três filhos
que ela deixou também entraram na música e, pelo menos dois deles, são personagens
fundamentais hoje. O mais velho, João Marcelo Bôscoli - que tinha 11 anos na
ocasião da morte da cantora -é um dos presidentes da grava-
dora Trama. A mais nova, Maria
Rita, é uma das principais cantoras do país na atualidade, constantemente
associada à mãe. Ela, junto com Pedro Mariano, são filhos de César Camargo Mariano.
João Marcelo, de Ronaldo Bôscoli.
Quase todos os namorados de
Elis eram cantores. Entre as exceções estava seu último companheiro, o advogado
Samuel MacDowell. Foi ele quem levou a cantora de táxi, às l Ih40 de uma
terça-feira, para o Hospital das Clínicas, no Rio de Janeiro. O motorista, o
português Manuel Gouvêa, na época com 46 anos, não fazia ideia de quem estava
levando. "Só soube que era ela depois, quando ouvi no rádio que ela tinha morrido", contou na época, em
entrevista.
Apesar de ter morrido de
overdose, Elis Regina não era usuária de drogas ilícitas. Ela teve o primeiro
contato com a cocaína meses antes de morrer. Foi nos Estados Unidos, em 1981, quando
foi acertar a gravação de um disco com o saxofonista Wayne Shorter. Mesmo
assim, a intérprete - que lançou muitos dos compositores mais famosos, hoje,
na MPB, como o próprio ministro da Cultura, Gilberto Gil - já era dada aos
excessos na bebida. Raros - se não exclusivamente ela - conseguiram encerrar a carreira desta forma e continuar com
uma ótima imagem para todos os públicos.
Trecho do show Falso Brilhante de 1976, exibido no Especial Elis da Bandeirantes.
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