Sobrado histórico em Areia abre as portas para o turismo
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O Solar José Rufino, recentemente recuperado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan - em parceria com o Tribunal de Justiça Estadual e a Prefeitura de Areia constitui um dos mais novos pontos turísticos da Paraíba sendo símbolo do poder e da importância que Areia teve na história da Paraíba.O sobrado, construído em 1818 pelo comerciante português Jorge Torres, foi durante décadas uma atração na Vila Real de Brejo de Areia: moderno e grandioso, já possuía água encanada, coisa rara na época. Hoje, o que mais chama a atenção no casarão é justamente o que remete ao passado. O Solar é uma das raras casasresidenciais do século XIX, construídas em cidades, que possuí uma sensala urbana. No térreo do casarão, ao lado de uma área aberta, doze pequenosquartos eram a moradia dos escravos que seriam negociados na feira do município, considerada uma das maiores da região. Em baixo funciona, na parte de frente do casarão, o comércio do proprietário, e como qualquer produto, os escravos se situavam neste local, separados por portões e cadeados. No andar de cima funcionava a residência, que até hoje ainda impressiona pela quantidade de quartos e ambientes com acabamento de madeira maciça O casarão já oferecia o conforto dos banheiros internos, outra novidade na época.
Segundo o historiador Horácio de Almeida, em 1840 Areia tinha 32 mil habitantes e 4 mil escravos. O historiador, considerado por muitos como o melhor da Paraíba, nasceu num dos quartos do Solar José Rufino.
Dada a sua importância histórica, arquitetônica e cultural o Solar recebe diariamente grupos de turistas interessados em conhecer a sua história, e sobretudo a sensala urbana. Quando visitamos a casa, voltamos no tempo a imaginar como era o dia-a dia dos escravos ali. É o guia José Tavares quem diz: "Uma sensala urbana é muito rara, os escravos viviam nas fazendas." Ele mostra ainda a área do banho de sol e o local, atrás, onde havia um pelourinho.
O poderio e a influência de Areia e sua elite pode-se perceber quando liberta seus escravos antes mesmo da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888. O município era tão próspero que já possuía, trinta anos antes da capital, o seu teatro Recreio Dramático – o Minerva. O município sempre mostrou-se altivo e participou de revoluções e movimentos como a Revolução de 1817, a Confederação do Equador ,a Rebelião Praieira e o Quebra-Quilos.
Para a recuperação do Solar José Rufino o Iphan investiu inicialmente R$ 60 mil em obras. Situado na Praça Pedro Américo, centro da cidade, foi também palco de eventos importantes e hospedou o escritor Jorge Amado e o artista plástico Caribé, recepcionados por José Américo de Almeida, em 1978.
Depois de apogeu e declínio na conservação foi adquirido, nos anos 90, pelo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, que lá instalou o Fórum da Comarca de Areia, onde funcionou até o ano de 2002. Totalmente recuperado o Sobrado torna-se símbolo da história de Areia e espaço voltado para o apoio às ações da preservação e divulgação da cidade, já que abriga agora a Secretaria de Turismo e o Iphan.
O casarão possui cinco salas para exposições. Atualmente está sendo exibida a exposição itinerante do Iphan - Patrimônio da Humanidade no Brasil, com 18 painéis sobre os bens culturais brasileiros reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e uma mostra fotográfica da arqueóloga Evanice Santos, além da exibição dos objetos de cerâmica produzidos numa oficina do Instituto em 2006. O casarão vai ter ainda uma sala para exibição de filmes e um ambiente para realização de oficinas. Na antiga sensala urbana ficarão os artistas plásticos e seus ateliês com estandes para expor a produção artesanal local. Mesmo porque Areia também sediou ou participou de revoltas e movimentos, rebeliões e revoluções ocorridas no Nordeste do século XIX, como a Revolução de 1817, a Confederação do Equador (1824), a Rebelião Praieira (1848) e o Quebra-Quilos (1874).
Projeto Areia e seus Museus

Areia e seus Museus é um projeto de uma parceria entre os órgãos AMAR (Associação dos Amigos de Areia), Prefeitura local, UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, com patrocínio do BNDES e Governo Federal, que visa investir R$ 715.960, na recuperação do Museu do Brejo Paraibano, Museu Regional de Areia e Museu Casa de Pedro Américo.
Os serviços tiveram inicio coma a reconstrução de um casarão pertencente à Paróquia, localizado ao lado da Igreja Matriz Nossa da Conceição, onde será instalado o Museu Regional de Areia, que desde sua inauguração funciona no primeiro andar do centro social Pio XII, onde também esta instalada uma biblioteca.
No Museu Casa de Pedro Américo a intenção é recuperar as instalações elétricas, o forro, sanitários e a parte de traz do prédio.
Outro projeto importante na cidade paraibana de Areia é a revitalização do Parque do Quebra, será executada na atual administração. Segundo informação do site da administração da cidade, existe um contrato de repasse dos recursos na ordem de R$ 5.450,258 (cinco milhões quatrocentos e cinqüenta mil e duzentos e cinqüenta e oito reais) que já foi assinado com a Caixa Econômica, em João Pessoa.
O projeto de revitalização do Parque do Quebra é um dos projetos contemplados com recursos do Pac das Cidades Históricas, lançado em 28 de agosto pelo Governo Federal para restaurar e conservar o rico Patrimônio Histórico do Brasil e deverá injetar R$ 150 milhões por ano em 124 cidades históricas. A cidade de Areia - primeira da Paraíba reconhecida como Patrimônio Nacional da Cultura - é uma das que serão contempladas com recursos do PAC. “É uma iniciativa inédita tanto pela criação de uma política urbana com objetivos bem definidos e respeito ao Patrimônio Histórico e pela cultura dessas cidades. É preciso realizar uma gestão do patrimônio cultural como elemento estratégico para o desenvolvimento social”, disse a Chefe de Gabinete da Prefeitura de Areia a engenheira Karla Cunha Lima Viana. Ainda segundo Karla, a cidade de Areia cumpriu todas as etapas desde a elaboração dos projetos, capacitação de Técnicos envolvidos na elaboração do Plano de Ação em Brasília e a realização das plenárias populares com os munícipes na Câmara Municipal.
O projeto arquitetônico básico do arquiteto e professor Marcos Santana prevê um pórtico de entrada, um mirante, uma unidade administrativa, vestiários, salão multiuso para eventos e jogos, a restauração da fonte do Quebra, os lagos serão desassoriados e revitalizados, terão trilhas ecológicas com paradas para descanso, será feita a drenagem pluvial de toda área de 12 hectares, além de toda recuperação ambiental com contenção de encostas e plantio de mudas de árvores nativas, o parque será todo iluminado e também terá a instalação de um parque infantil, dentre outros serviços estruturantes, tais como a questão sanitária.
A História do “Quebra”:
Dentre as vertentes e encostas do município, destaca-se, em plena zona urbana, o “Sitio Quebra”, uma nascente de águas cristalinas. Uma depressão geográfica do sítio homônimo, que desde início do século XVIII chamava a atenção dos moradores da cidade que ali se dirigiam para tomar banho e também para prover o consumo residencial de água. A descida pela ladeira fez com que o local passasse a ser conhecido inicialmente como “Sítio do Quebra Pote” seguido por “Sítio Quebra”.
A construção do “Banho do Quebra” foi iniciada em 1885, sem ajuda financeira do poder público. A obra foi idealizada pelo maestro Tristão Granjeiro de Almeida e Melo (tio de Pedro Américo) que mobilizou a comunidade com a realização de Festivais no Teatro Recreio, atual Teatro Minerva, para arrecadar fundos para a construção do Banho. A mobilização foi tanta que elementos da sociedade areiense, com entusiasmo, auxiliavam os operários na construção da obra, que foi inaugurada no dia 1º de janeiro de 1886.
Segundo o escritor Horácio de Almeida no livro História da Paraíba, a inauguração aconteceu com festa quando Tristão Granjeiro ainda vivo desfilou pelas ruas da cidade com a Banda da Fênix, acompanhado de autoridades e famílias em cortejo rumo ao “Sítio Quebra”.
O “Banho do Quebra” se tornou um local de encontro das famílias e ponto turístico com visitas de pessoas que buscavam de um banho saudável, bastante frio e com água cristalina.
Em 1975, completaria o seu 1º Centenário, quando foi reformado e ampliado com a construção de uma Quadra de Esportes e uma Churrascaria, denominado então como “Parque Recreativo Eleonora Apratto Perazzo”.
Na década de 80, tem início a decadência do “Quebra”, ocasionado principalmente pela falta de esgotamento sanitário da região próxima que resultou na poluição de suas águas e por fim o completo abandono do complexo.
O abandono levou não só a deterioração das suas edificações, mas também ao uso inadequado do solo com a instalação de moradias em condições subumana.