João Pessoa recebeu a partir da quarta-feira (24) uma série de shows e debates, com mostra de vídeo, dentro do maior festival integrado do mundo, o Grito Rock João Pessoa. A edição 2010 do evento acontece durante quatro dias.

A programação incluiu bandas locais e de Campina Grande, do Ceará e do Paraná, e que acontece simultaneamente em 80 cidades do Brasil, além de quatro na Argentina.
As atividades começaram no Espaço Mundo, no Centro Histórico, a partir das 18h, com uma mostra especial de filmes do cenário rock pessoense dos anos 80, 90 e 2000, a partir de documentários produzidos na época.
Na quinta feira (25), o Grito continuou com a programação de debates, também no Espaço Mundo. Às 18h, “Artistas, Público e Produtores: agentes que compõem uma cena”, e o “Movimento Cultural Varadouro: por um Centro Histórico como área livre para a cultura”. Toda as atividades são gratuitas e abertas ao público.
Na sexta (26) e sábado (27) teve a programação de shows, em dois palcos do Centro Histórico: um na Praça Antenor Navarro e outro no Espaço Mundo. Serão 10 bandas por dia, alternando shows nos dois palcos.
SEXTA (26)
Palco do Espaço Mundo
19h- Sex on The Beach (CG)
20h20- Retaliação
21h40- Blue Sheep
23h- Afetamina
0h20- Posten Mortem (CG)
Praça Antenor Navarro
19h40- Seu Pereira e Coletivo 401
21h- Gauche
22h20- Cerva Grátis
23h40- Soturnus
1h- A Trigger to Forget (CE)
SÁBADO (27)
Espaço Mundo
19h- Iazul
20h20- Elmo
21h40- Bárbara
23h- Malaquias em Perigo
0h20- Ubella Preta
Praça Antenor Navarro
19h40- Noskill
21h- Os Reis da Cocada Preta
22h20- Nublado
23h40- Nevilton (PR)
1h- Cabruêra
Roberta Sá e Maria Gadú em João Pessoa
João Pessoa 'tem' a presença de duas grandes cantoras da nova geração da MPB. Roberta Sá e Maria Gadú que se apresentam pela primeira vez na Capital no palco do Espaço Cultural, trazendo canções de novela, além de outros sucessos. Roberta sube ao palco do Teatro Paulo Pontes no domingo (28) e Maria Gadú estreia no Teatro de Arena no próximo dia 5 de março.
Roberta Sá é uma cantora potiguar, radicada no Rio de Janeiro, traz aos paraibanos o show 'Pra se Ter Alegria', às 20h da noite com muito samba e MPB.
"Fevereiro", "Interessa?", "Janeiros", "Mais Alguém", "Eu sambo mesmo" e "Agora Sim" são alguns dos sucessos do repertório do show. São quatro álbuns - Sambas e Bossas (2004), Braseiro (2005), Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria (2007) e Pra Se Ter Alegria (2009) gravados por Roberta.
Desde 2002 quando Roberta Sá participou no reality show Fama, da Globo é reconhecida pelo público. Atualmente a música “Mais alguém” é trilha sonora da novela Viver a Vida, da Rede Globo.
Os ingressos estão sendo vendidos por R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Mais informações (83) 3247-5800.

19h40- Noskill
21h- Os Reis da Cocada Preta
22h20- Nublado
23h40- Nevilton (PR)
1h- Cabruêra
Roberta Sá e Maria Gadú em João Pessoa
João Pessoa 'tem' a presença de duas grandes cantoras da nova geração da MPB. Roberta Sá e Maria Gadú que se apresentam pela primeira vez na Capital no palco do Espaço Cultural, trazendo canções de novela, além de outros sucessos. Roberta sube ao palco do Teatro Paulo Pontes no domingo (28) e Maria Gadú estreia no Teatro de Arena no próximo dia 5 de março.

Roberta Sá é uma cantora potiguar, radicada no Rio de Janeiro, traz aos paraibanos o show 'Pra se Ter Alegria', às 20h da noite com muito samba e MPB.
"Fevereiro", "Interessa?", "Janeiros", "Mais Alguém", "Eu sambo mesmo" e "Agora Sim" são alguns dos sucessos do repertório do show. São quatro álbuns - Sambas e Bossas (2004), Braseiro (2005), Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria (2007) e Pra Se Ter Alegria (2009) gravados por Roberta.
Desde 2002 quando Roberta Sá participou no reality show Fama, da Globo é reconhecida pelo público. Atualmente a música “Mais alguém” é trilha sonora da novela Viver a Vida, da Rede Globo.
Os ingressos estão sendo vendidos por R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Mais informações (83) 3247-5800.

Maria Gadú é uma cantora revelação da MPB, que vem à João Pessoa para uma apresentação na sexta-feira (5), no Teatro de Arena do Espaço Cultural. O show começa a partir das 20h30 e a abertura fica por conta de Márcio Rocha.
Maria Gadú canta há vários anos e sua carreira passou a ter ascensão ao despertar atenção de famosos ligados ao meio musical, como Caetano Veloso, Milton Nascimento e João Donato.
Ela ficou conhecida nacionalmente depois do sucesso da canção "Shimbalaiê" na trama do horário nobre da Rede Globo. A música é tema da personagem Dora, vivida por Giovana Antonelli, na novela 'Viver a Vida', do escritor Manoel Carlos.
Os ingressos antecipados a preços promocionais para o show podem ser adquiridos por R$ 50 (inteira) e R$ 25 (estudante) na rede de lojas Furta Cor.
Mais informações pelo telefone (83) 9996-0344.
Cibelle na primeira parte do Grizzly Bear nos coliseus
Brasileira, convidada de Tigerman em Femina , abre concertos dos norte-americanos em Lisboa e no Porto - Portugal.
A brasileira Cibelle é a convidada do Grizzly Bear nos concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto, a 26 e 27 de Maio, respectivamente.
A cantora de São Paulo, radicada em Londres, apresenta o novo álbum, antecipado pelo singleLightworks .
Os bilhetes para o Grizzly Bear custam entre 28 euros e 40 euros em Lisboa e entre 25 euros e 35 euros no Porto.

Sair para farrear com Zé Ulisses é fundamental para entendê-lo: em voo rasante por ruas e bares obscuros da boemia porto-alegrense, o jovem punk rocker de 25 anos concentra as atenções de conhecidos e incautos; bebe e fala em doses/volumes graúdos; tem acessos de ternura para com os seus ao mesmo tempo em que pragueja contra o mundo; tempera seu conhecimento de mundo típico de estudante de História com discursos niilistas contra tudo e todos; reconta a vida de seus pares com um esmero que dá às situações mais impossíveis verdade e profundidade; chama a atenção pelo aspecto corpulento e marcado por tatuagens horrendas (“Porra, sabe qual meu apelido? Porta de banheiro – meus alunos falam que eu sou grande e todo riscado”). Tudo nele é hiperbólico e parece empurrá-lo adiante numa espiral que junta rancor, desesperança e um tanto de reflexão. A seguir, com raras intervenções, o que se tem é a teogonia de Zé Ulisses, contada por um dos velhos de câncer típicos de certa classe média urbana que subverteu apatia e alienação em algo muito superior: música sincera e inspirada.
Conta aquela história do seu irmão mais velho, primeiro desajustado, depois crente…
Pô, cara, meu irmão sempre foi um cara totalmente perdido. Desde que minha mãe morreu, ele ficou malucão, começou a usar droga e o escambau. Ele foi tudo: clubber, skin, rockabilly, regueiro, do hip-hop. Daí um dia tava muito louco e acabou parando numa igreja, onde tá até agora. Só que a parada foi maluquélvis. Meu irmão é daquelas pessoas que são conhecidas pelo nome na Cidade Baixa (bairro boêmio da capital gaúcha), de treta e o caralho-a-quatro. Faz três anos isso, mas rolou muita treta. Pra ter noção, até eu tô lendo a Bíblia – mas fique tranquilo, é pra sacar o barato. A esposa dele morreu há duas semanas, minha melhor amiga, e adivinha de quê? CÂNCER! Daí vi que quem tava com ele nessa parada era nego com Bíblia na mão e amizade no coração. Os anarcorockers, revolta mamãe-com-Nescau, que eram os caras que colavam com ele, no máximo foram ao velório, e de má vontade. Hoje meus amigos são na maioria crentes, mas, pô: quero dar risada e andar com gente que não bate nas costas e depois te passa o rapa na esquina.
E aquilo de ser o gordinho bobo da escola etc?
Eu moro do lado da minha antiga escola de primeiro grau. Eu era gordinho, é aquele lance: pai durão, sem mãe e irmão doidão. Então era um saco, só que eu era um pouco grande pra minha idade. Dai a única coisa que me deixava feliz era ouvir Misfits no walkman. E, se os moleques na escola eram playboys, eu ia ser punk. Mas na minha escola ocorreu o oposto de filme de sessão da tarde: uma vez foram “porrar” um colega meu, viadinho, e eu fiquei puto, soquei uns moleques e enfiei a cabeça de um deles na privada. Daí os nerds da escola acharam foda, e a gente criou uma gangue de gente torta e zoada.Você tocou em outras bandas. O que te levou ao Velho de Câncer?
Tinha acabado de chegar de Curitiba, onde morei um tempo, passava desgosto, boa parte por rolos com amigos e garotas. O que ligava tudo isso era o fato de que para onde eu ia me sentia deslocado, inclusive na minha própria casa, como se a coisa estivesse dentro de mim. O lance do Velho é decepção com gente. Tava cansado de montar banda com fórmula, música assim, um faz as letras o outro não sei o quê. Fiz umas músicas sozinho, chamei uns amigos antigos, bem fora do círculo punk, mas que tinham raiva no coração, moravam na periferia e o caralho. O problema começou quando a banda começou a ser levada a sério pelos outros. A coisa foi para um lado que nunca se quer – me escreveram falando umas paradas pesadas etc. Sei lá se é esse o sentido da coisa. Sei que pelas músicas somos responsáveis.
Você me falou que tava numas de fazer um som mais emo…
Ah, mano, uns chamam de emo, eu chamo de reflexão. Tô a fim de pensar um pouco, principalmente sobre o que e como dizer algumas coisas. Acho que um monte de coisa tem de ser desconstruída, falando especificamente sobre a cena punk. Tá tudo muito bonito, e o bizarro é que vejo gente muito mais tranqueira na igreja do que no punk.
Ficou fácil, né? “Vamos imitar as bandas skate punk, fazer como as bandas de Washington, tocar punk 77…”
Porra, mano, o lance tá ridículo! Tá na hora da cena punk acabar e começar outra coisa. A mensagem do punk foi passada e hoje virou um estilo de vida. Me sinto tão deslocado em show punk quanto em um emprego de terno e gravata.
Duvido que haja lugar na alma de um evangélico pra “raiva espiritual”…
Lógico que não. Mas em show de hardcore você acha que tem? Eu não!
Então pra quem é o som do Velho de Câncer?
Eu não sei mais, cara! Não faço a mínima ideia de quem é nosso público. Quem vai nos shows aqui são nossos amigos – é algo pela camaradagem e cerveja compartilhada. A única coisa que sei é que é a minha última banda punk! A parada ainda não teve um fim, porque acho que musicalmente ainda tem algo pra fazer. Vamos gravar algo entre março e abril, temos sete sons novos.
Maria Gadú canta há vários anos e sua carreira passou a ter ascensão ao despertar atenção de famosos ligados ao meio musical, como Caetano Veloso, Milton Nascimento e João Donato.
Ela ficou conhecida nacionalmente depois do sucesso da canção "Shimbalaiê" na trama do horário nobre da Rede Globo. A música é tema da personagem Dora, vivida por Giovana Antonelli, na novela 'Viver a Vida', do escritor Manoel Carlos.
Os ingressos antecipados a preços promocionais para o show podem ser adquiridos por R$ 50 (inteira) e R$ 25 (estudante) na rede de lojas Furta Cor.
Mais informações pelo telefone (83) 9996-0344.
Cibelle na primeira parte do Grizzly Bear nos coliseus

A brasileira Cibelle é a convidada do Grizzly Bear nos concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto, a 26 e 27 de Maio, respectivamente.
A cantora de São Paulo, radicada em Londres, apresenta o novo álbum, antecipado pelo singleLightworks .
Os bilhetes para o Grizzly Bear custam entre 28 euros e 40 euros em Lisboa e entre 25 euros e 35 euros no Porto.
Cibelle, amiga e colaboradora de Devendra Banhart, é também uma das vozes convidadas de Femina , o mais recente disco de Legendary Tigerman.
Mais um dia de shows no Encontro da Nova Consciência. Agora, vamos para o terceiro dia. A noite cumpriu o que prometeu! . Excelentes bandas nos dois palcos
No Palco Nova Consciência rolou a Sex on The Beach(PB) e a Pata de Elefante(RS).
No Palco Bronx rolou o Grito Rock Campina Grande com Nublado(PB), Violet(PB) e 4th Astral(PE).
Para abrir a noite do domingo, às 23:30h entra no Palco da Nova Consciência a Sex on The Beach.
Com novo baterista, Tonny Lira, os caras mandaram ver no palco. Excelente presença de palco e um set list variado e amarrado. A galera foi ao delírio na vibe das guitarras e com a sincronia da cozinha. Sincronia essa que dava até para o público participar(mesmo que gritando) em alguns momentos do show, onde de tempos em tempos os caras dão aquela famosa paradinha performática. Um dos shows mais animados do Encontro.

Sex on the Beach(PB)
Os ‘men in black’ tocaram desde baladas surf como 2oz. Cranberry Juice e “HighBall” (uma das músicas que entrará no próximo CD da Sex) até músicas com uma pegada um pouco mais forte como 2oz. Vodka e 2oz. Orange Juice, ambas do EP ‘Wanna Some Sex on The Beach?’ lançado no ano passado. Encerraram o show com uma ótima versão a la Cabra da Peste da famosa Misirlou. Todo mundo dançou e gritou.
Logo em sequência entra no palco a também instrumental Pata de Elefante. Pela primeira vez os gaúchos tocaram em Campina Grande. E como era esperado, não decepcionaram.

Pata de Elefante(RS)
Tocaram músicas tanto do primeiro CD(Pata de Elefante) quanto do segundo(Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha), ambos lançados pela Monstro Discos. Sucessos como Soltaram! , Um olho no fósforo, outro na fagulha, marta e Hey! fizeram todo o público pular e se divertir no show.
Entraram no palco e mostraram porque são uma das melhores bandas do país. A sincronia, feeling e técnica do trio foi de impressionar. O show foi divertidíssimo tanto para o público quanto para os caras, que se sentiram à vontade no palco e na cidade.
A recepção do público não poderia ser diferente. Aplausos do começo ao fim.
Grito Rock Campina Grande
Começou com o pé direito o Grito Rock 2010 Campina Grande. Três ótimas bandas, noite bacana e público acima do esperado. O Grito Rock é o maior festival integrado de rock do mundo. Este ano foi realizado em mais de 80 cidades, sendo duas delas aqui na Paraíba(Campina Grande e João Pessoa). Era tanta gente que o calor humano substituiu o frio na cidade serrana.
Mal estava acabando a Pata de Elefante no Palco Nova Consciência, quando entrava no palco a novata e pessoense Violet. Era o Grito Rock América do Sul estreando em Campina Grande. Os violetas centraram o repertório no EP recém lançado.

Violet(PB)
As músicas eram para manter a embriaguez, ouvir, dançar e morder. E foi isso que aconteceu no Bronx, não necessariamente nesta mesma ordem.
Em sua primeira apresentação da cidade, a banda deixa boas impressões. O público(que já era grande) no Bronx adorou a nova surpresa. É uma banda com características bem particulares e pode dar muito o que falar. O vocal feminino e o clima intimista chamou atenção. As músicas alternam da calma a euforia.
Dando sequência ao Grito Rock Campina Grande, entra no palco a Nublado. Grande show! O público participou cantarolando algumas músicas e os caras pareciam extremamente à vontade no palco. O clima do show era despretensioso. A galera entendeu isso e foi junto na onda. Um dos melhores shows do Nublado.

Nublado(PB)
No set, mandaram ver nas músicas do EP Vôo Livre, lançado em 2008. Fizeram o público dançar e suar! A essa altura o Grito Rock parecia um inferno. Um calor gigante e muita gente entrando e saindo para acompanhar os shows!
Para encerrar a noitada e o Grito Rock Campina Grande, a missão ficou com os pernambucanos da 4th Astral. O clima era perfeito e a banda mostrou a psicodelia e rock in roll de primeira. A galera não se atrevia a colocar os pés para fora do Bronx, e quando colocava, outra pessoa entrava no lugar. Apesar de ser já 3h da manhã, oa galera não saiu e seguiram a viagem dos caras. Destaque para os improvisos que rolavam em quase todas as músicas. A Quarto Astral(PE) vai lançar um EP ainda esse ano. Ou seja, vem mais rock psicodélico por aí!
A 4th Astral foi a única banda de outro estado tocando no Grito Rock Campina Grande.

Quarto Astral(PE)
O Grito Rock Campina Grande é uma parceria do Natora Coletivo junto com O Encontro da Nova Consciência e o Rock na Consciência.

Bronx lotado!
Novamente a estratégia dos shows no Palco 2 começarem somente depois de acabar os shows do Palco 1 funcionou. Ou seja, excelente público nos dois palcos. Bom para as bandas e bom para o público, que tem a oportunidade de ouvir e conhecer muita música boa a noite inteira.
Próximo ano tem mais Grito Rock!!!
Por Carol Morena em 17 de fevereiro de 2010
Na SEXTA FEIRA (19) o Coletivo “O Farol” trará para João Pessoa a banda gaúcha Velho de Cânce, uma DAS grande banda do movimento punk. Pra aquecer a noite, ainda vai ter show da Mobiê e Mahatma Gangue (RN).
Abaixo tem um entrevista bastante interessante e explicativa que o Zé Ulisses deu para a revista + Soma.
A gênese de um Velho de Câncer
Por Arthur Dantas. Foto: Daigo Oliva
De antemão, um aviso: se você nunca sentiu “raiva espiritual”, é desaconselhável continuar a leitura. Dito isso, comecemos. Existem assuntos que cabem melhor no campo da mitologia, do folclore. O Velho de Câncer, formado em 2006, melhor banda brasileira de hardcore do século XXI, é um deles. Assim como Emicida, outro talento de um gênero igualmente nevrálgico, no caso de Zé Ulisses – guitarrista exímio, cronista dileto da sarjeta e da desesperança e vocalista de timbre rasgado e decidido –, o imaginário construído ao redor de si mesmo importa mais do que a averiguação concreta dos fatos, da mesma forma como ninguém se importou por muito tempo com o passado construído por Joe Strummer. Narradores de suas próprias vidas, esse tipo de músicos dão eles mesmos a dimensão de quão pertinente é a performance de seus discursos.
No Palco Nova Consciência rolou a Sex on The Beach(PB) e a Pata de Elefante(RS).
No Palco Bronx rolou o Grito Rock Campina Grande com Nublado(PB), Violet(PB) e 4th Astral(PE).
Para abrir a noite do domingo, às 23:30h entra no Palco da Nova Consciência a Sex on The Beach.
Com novo baterista, Tonny Lira, os caras mandaram ver no palco. Excelente presença de palco e um set list variado e amarrado. A galera foi ao delírio na vibe das guitarras e com a sincronia da cozinha. Sincronia essa que dava até para o público participar(mesmo que gritando) em alguns momentos do show, onde de tempos em tempos os caras dão aquela famosa paradinha performática. Um dos shows mais animados do Encontro.

Sex on the Beach(PB)
Os ‘men in black’ tocaram desde baladas surf como 2oz. Cranberry Juice e “HighBall” (uma das músicas que entrará no próximo CD da Sex) até músicas com uma pegada um pouco mais forte como 2oz. Vodka e 2oz. Orange Juice, ambas do EP ‘Wanna Some Sex on The Beach?’ lançado no ano passado. Encerraram o show com uma ótima versão a la Cabra da Peste da famosa Misirlou. Todo mundo dançou e gritou.
Logo em sequência entra no palco a também instrumental Pata de Elefante. Pela primeira vez os gaúchos tocaram em Campina Grande. E como era esperado, não decepcionaram.

Pata de Elefante(RS)
Tocaram músicas tanto do primeiro CD(Pata de Elefante) quanto do segundo(Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha), ambos lançados pela Monstro Discos. Sucessos como Soltaram! , Um olho no fósforo, outro na fagulha, marta e Hey! fizeram todo o público pular e se divertir no show.
Entraram no palco e mostraram porque são uma das melhores bandas do país. A sincronia, feeling e técnica do trio foi de impressionar. O show foi divertidíssimo tanto para o público quanto para os caras, que se sentiram à vontade no palco e na cidade.
A recepção do público não poderia ser diferente. Aplausos do começo ao fim.
Grito Rock Campina Grande
Começou com o pé direito o Grito Rock 2010 Campina Grande. Três ótimas bandas, noite bacana e público acima do esperado. O Grito Rock é o maior festival integrado de rock do mundo. Este ano foi realizado em mais de 80 cidades, sendo duas delas aqui na Paraíba(Campina Grande e João Pessoa). Era tanta gente que o calor humano substituiu o frio na cidade serrana.
Mal estava acabando a Pata de Elefante no Palco Nova Consciência, quando entrava no palco a novata e pessoense Violet. Era o Grito Rock América do Sul estreando em Campina Grande. Os violetas centraram o repertório no EP recém lançado.
Violet(PB)
As músicas eram para manter a embriaguez, ouvir, dançar e morder. E foi isso que aconteceu no Bronx, não necessariamente nesta mesma ordem.
Em sua primeira apresentação da cidade, a banda deixa boas impressões. O público(que já era grande) no Bronx adorou a nova surpresa. É uma banda com características bem particulares e pode dar muito o que falar. O vocal feminino e o clima intimista chamou atenção. As músicas alternam da calma a euforia.
Dando sequência ao Grito Rock Campina Grande, entra no palco a Nublado. Grande show! O público participou cantarolando algumas músicas e os caras pareciam extremamente à vontade no palco. O clima do show era despretensioso. A galera entendeu isso e foi junto na onda. Um dos melhores shows do Nublado.
Nublado(PB)
No set, mandaram ver nas músicas do EP Vôo Livre, lançado em 2008. Fizeram o público dançar e suar! A essa altura o Grito Rock parecia um inferno. Um calor gigante e muita gente entrando e saindo para acompanhar os shows!
Para encerrar a noitada e o Grito Rock Campina Grande, a missão ficou com os pernambucanos da 4th Astral. O clima era perfeito e a banda mostrou a psicodelia e rock in roll de primeira. A galera não se atrevia a colocar os pés para fora do Bronx, e quando colocava, outra pessoa entrava no lugar. Apesar de ser já 3h da manhã, oa galera não saiu e seguiram a viagem dos caras. Destaque para os improvisos que rolavam em quase todas as músicas. A Quarto Astral(PE) vai lançar um EP ainda esse ano. Ou seja, vem mais rock psicodélico por aí!
A 4th Astral foi a única banda de outro estado tocando no Grito Rock Campina Grande.

Quarto Astral(PE)
O Grito Rock Campina Grande é uma parceria do Natora Coletivo junto com O Encontro da Nova Consciência e o Rock na Consciência.
Bronx lotado!
Novamente a estratégia dos shows no Palco 2 começarem somente depois de acabar os shows do Palco 1 funcionou. Ou seja, excelente público nos dois palcos. Bom para as bandas e bom para o público, que tem a oportunidade de ouvir e conhecer muita música boa a noite inteira.
Próximo ano tem mais Grito Rock!!!
Por Carol Morena em 17 de fevereiro de 2010
Na SEXTA FEIRA (19) o Coletivo “O Farol” trará para João Pessoa a banda gaúcha Velho de Cânce, uma DAS grande banda do movimento punk. Pra aquecer a noite, ainda vai ter show da Mobiê e Mahatma Gangue (RN).
Abaixo tem um entrevista bastante interessante e explicativa que o Zé Ulisses deu para a revista + Soma.
A gênese de um Velho de Câncer
Por Arthur Dantas. Foto: Daigo Oliva
De antemão, um aviso: se você nunca sentiu “raiva espiritual”, é desaconselhável continuar a leitura. Dito isso, comecemos. Existem assuntos que cabem melhor no campo da mitologia, do folclore. O Velho de Câncer, formado em 2006, melhor banda brasileira de hardcore do século XXI, é um deles. Assim como Emicida, outro talento de um gênero igualmente nevrálgico, no caso de Zé Ulisses – guitarrista exímio, cronista dileto da sarjeta e da desesperança e vocalista de timbre rasgado e decidido –, o imaginário construído ao redor de si mesmo importa mais do que a averiguação concreta dos fatos, da mesma forma como ninguém se importou por muito tempo com o passado construído por Joe Strummer. Narradores de suas próprias vidas, esse tipo de músicos dão eles mesmos a dimensão de quão pertinente é a performance de seus discursos.

Sair para farrear com Zé Ulisses é fundamental para entendê-lo: em voo rasante por ruas e bares obscuros da boemia porto-alegrense, o jovem punk rocker de 25 anos concentra as atenções de conhecidos e incautos; bebe e fala em doses/volumes graúdos; tem acessos de ternura para com os seus ao mesmo tempo em que pragueja contra o mundo; tempera seu conhecimento de mundo típico de estudante de História com discursos niilistas contra tudo e todos; reconta a vida de seus pares com um esmero que dá às situações mais impossíveis verdade e profundidade; chama a atenção pelo aspecto corpulento e marcado por tatuagens horrendas (“Porra, sabe qual meu apelido? Porta de banheiro – meus alunos falam que eu sou grande e todo riscado”). Tudo nele é hiperbólico e parece empurrá-lo adiante numa espiral que junta rancor, desesperança e um tanto de reflexão. A seguir, com raras intervenções, o que se tem é a teogonia de Zé Ulisses, contada por um dos velhos de câncer típicos de certa classe média urbana que subverteu apatia e alienação em algo muito superior: música sincera e inspirada.
Conta aquela história do seu irmão mais velho, primeiro desajustado, depois crente…
Pô, cara, meu irmão sempre foi um cara totalmente perdido. Desde que minha mãe morreu, ele ficou malucão, começou a usar droga e o escambau. Ele foi tudo: clubber, skin, rockabilly, regueiro, do hip-hop. Daí um dia tava muito louco e acabou parando numa igreja, onde tá até agora. Só que a parada foi maluquélvis. Meu irmão é daquelas pessoas que são conhecidas pelo nome na Cidade Baixa (bairro boêmio da capital gaúcha), de treta e o caralho-a-quatro. Faz três anos isso, mas rolou muita treta. Pra ter noção, até eu tô lendo a Bíblia – mas fique tranquilo, é pra sacar o barato. A esposa dele morreu há duas semanas, minha melhor amiga, e adivinha de quê? CÂNCER! Daí vi que quem tava com ele nessa parada era nego com Bíblia na mão e amizade no coração. Os anarcorockers, revolta mamãe-com-Nescau, que eram os caras que colavam com ele, no máximo foram ao velório, e de má vontade. Hoje meus amigos são na maioria crentes, mas, pô: quero dar risada e andar com gente que não bate nas costas e depois te passa o rapa na esquina.
E aquilo de ser o gordinho bobo da escola etc?
Eu moro do lado da minha antiga escola de primeiro grau. Eu era gordinho, é aquele lance: pai durão, sem mãe e irmão doidão. Então era um saco, só que eu era um pouco grande pra minha idade. Dai a única coisa que me deixava feliz era ouvir Misfits no walkman. E, se os moleques na escola eram playboys, eu ia ser punk. Mas na minha escola ocorreu o oposto de filme de sessão da tarde: uma vez foram “porrar” um colega meu, viadinho, e eu fiquei puto, soquei uns moleques e enfiei a cabeça de um deles na privada. Daí os nerds da escola acharam foda, e a gente criou uma gangue de gente torta e zoada.Você tocou em outras bandas. O que te levou ao Velho de Câncer?
Tinha acabado de chegar de Curitiba, onde morei um tempo, passava desgosto, boa parte por rolos com amigos e garotas. O que ligava tudo isso era o fato de que para onde eu ia me sentia deslocado, inclusive na minha própria casa, como se a coisa estivesse dentro de mim. O lance do Velho é decepção com gente. Tava cansado de montar banda com fórmula, música assim, um faz as letras o outro não sei o quê. Fiz umas músicas sozinho, chamei uns amigos antigos, bem fora do círculo punk, mas que tinham raiva no coração, moravam na periferia e o caralho. O problema começou quando a banda começou a ser levada a sério pelos outros. A coisa foi para um lado que nunca se quer – me escreveram falando umas paradas pesadas etc. Sei lá se é esse o sentido da coisa. Sei que pelas músicas somos responsáveis.
Você me falou que tava numas de fazer um som mais emo…
Ah, mano, uns chamam de emo, eu chamo de reflexão. Tô a fim de pensar um pouco, principalmente sobre o que e como dizer algumas coisas. Acho que um monte de coisa tem de ser desconstruída, falando especificamente sobre a cena punk. Tá tudo muito bonito, e o bizarro é que vejo gente muito mais tranqueira na igreja do que no punk.
Ficou fácil, né? “Vamos imitar as bandas skate punk, fazer como as bandas de Washington, tocar punk 77…”
Porra, mano, o lance tá ridículo! Tá na hora da cena punk acabar e começar outra coisa. A mensagem do punk foi passada e hoje virou um estilo de vida. Me sinto tão deslocado em show punk quanto em um emprego de terno e gravata.
Duvido que haja lugar na alma de um evangélico pra “raiva espiritual”…
Lógico que não. Mas em show de hardcore você acha que tem? Eu não!
Então pra quem é o som do Velho de Câncer?
Eu não sei mais, cara! Não faço a mínima ideia de quem é nosso público. Quem vai nos shows aqui são nossos amigos – é algo pela camaradagem e cerveja compartilhada. A única coisa que sei é que é a minha última banda punk! A parada ainda não teve um fim, porque acho que musicalmente ainda tem algo pra fazer. Vamos gravar algo entre março e abril, temos sete sons novos.
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